Por que o ouro olímpico da seleção é a vitória também da meritocracia

André Linares, Diego Garcia e Marcus Alves, do Rio de Janeiro (RJ), para a ESPN
Getty
Jogadores da seleção brasileira sobem ao pódio e comemoram ouro na Rio 2016
Jogadores da seleção brasileira sobem ao pódio e comemoram ouro na Rio 2016

Na arrancada de sua preparação para os Jogos Olímpicos, ao fim de entrevista coletiva, o técnico Rogério Micale surpreendeu ao explicar em conversa informal com a imprensa o que faria no primeiro treino que aconteceria na Granja Comary, em Teresópolis-RJ. A iniciativa por si só surpreende. E o que dizer, então, quando tudo é de fato levado à risca?

Entre outros conceitos, o comandante de 47 anos informou que daria atenção especial ao um contra um pelos lados do campo.

Para ele, o caminho para o ouro inédito da seleção passaria por ali.

Ainda mais importante, havia abundância de talento.

E foi o que se viu a partir do momento em que, sem nunca deixar as suas convicções de lado e combatendo um suposto receio com o excesso de atacantes que choca pela cultura ofensiva local, formou a sua linha de frente com Neymar, Gabriel Jesus, Luan e Gabigol.

Dois abertos, como antecipou, e os outros dois flutuando, dentro do 'caos ofensivo' que prega como meio de desarmar as retrancas adversárias.

Foi, assim, por exemplo, contra Honduras e seus três zagueiros que acabaram praticamente sem função pela ausência de uma referência na área.

A conquista histórica do Brasil nos pênaltis contra a Alemanha, no último sábado, no estádio Maracanã, no Rio de Janeiro, vai muito além de uma possível revanche pelo 7 a 1 em 2014. É a vitória da meritocracia.

Com o inédito ouro, a esperança de recuperar uma forma de jogar. Que o caminho continue...

Na CBF, não existe dúvida, nem sempre as escolhas foram pautadas por esse critério.

Com Micale e também o coordenador de todo o trabalho de formação, Erasmo Damiani, a entidade desviou de seu próprio histórico.

Ainda que por linhas tortas, escolheu os melhores profissionais no mercado.

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Mais do que isso, realizou possivelmente a melhor preparação de sua história para não ser novamente frustrada em casa, com oito amistosos antes da Rio-2016, um elenco polivalente e que esteve longe de manter uma dependência para com Neymar.

Micale chegou até a brincar que gostaria de ter essa relação.

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Talvez em um mimo com o craque do Barcelona, mas que não passou disso, em um time que se reinventou ao longo de sua campanha, mostrou uma defesa imbátivel atuando em linha alta, manteve o adversário fora da zona vermelha e, conforme previsto, abusou do um contra um no último terço.

É um novo glossário no futebol brasileiro. Um novo passo adiante. Um novo momento em que talvez a parte técnica venha a se sobrepor a critérios subjetivos e obscuros.

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