Karl Marx foi um filósofo, sociólogo, jornalista e revolucionário alemão que viveu até 1883. Vladimir Lenin foi chefe de governo durante o início da União Soviética até 1924. O que as duas figuras emblemáticas da história têm a ver com um jovem do Flamengo? Tudo, pelo menos no nome. Marx Lenin dos Santos Gonçalves é uma das joias do clube carioca na Copinha. Com 18 anos em 2019, quase 100 anos depois da morte do revolucionário russo, Marx Lenin brilha dentro do campo, não o de batalha e da política, e sim no de futebol. Com dribles insinuantes e fama nas redes sociais, o jogador é uma das esperanças do Flamengo. O clube carioca entra em campo nesta sexta-feira (11), a partir das 14h50, contra o Figueirense pela segunda fase da competição. O jogo tem transmissão da ESPN Brasil e WatchESPN. A origem do nome e a políticaO óbvio não é a resposta certa para a origem do nome. Marx Lenin é uma homenagem ao seu pai, Antônio Marques. “Minha mãe achava o som bonito, mas queria mudar a escrita. Mudou para Marx. Nem sabia quem era Karl Marx”, conta o menino. O Lenin veio por uma questão de estética. A mãe de Marx achava o nome bonito, conhecia a história do russo, mas escolheu por conta da forma como os dois nomes combinavam. A distância política da família também segue com Marx Lenin. Questionado sobre o envolvimento com o tema, prefere não comentar. “Não penso em votar. Só tenho que jogar futebol. Deixo isso com minha família”. O nome virou alvo na escola. No primeiro dia de aula de história estava sentado esperando a chamada. Até chegar a letra “M”, aguardava. Eis que a professora repara em um nome estranho. Chama. Ele responde. Desde aquele momento, a aula de história tomava um novo rumo. Ao invés de começar pela pré-história, a professora foi direto para os assuntos do alemão e do russo. “Me senti até famoso”, revela. A mãe é a que mais sofre, segundo o jogador. Constantemente é perguntada sobre a origem do nome. Nem explica. “Ah, para com isso, coisa chata. Deixa meu bebê em paz”, fala, relembrando as frases que a mãe usa. A vida no futebolO início com a bola redonda foi cedo, mas primeiro no futsal. Logo aos quatro anos já jogava em Volta Redonda, no Rio de Janeiro. Dois anos depois, rumou para o SESI. A chegada em um time grande foi aos 8, no Fluminense. Continuou jogando salão até 2013, com 13 anos. Um ano após a ida para o clube carioca, foi para o rival Flamengo. Desde 2011, via Vinícius Jr. dar os primeiros passos no clube carioca. Juntos, conquistaram títulos na base e, conforme Marx Lenin diz, tudo ficava mais tranquilo com o jogador do Real Madrid em campo. “Ficava tudo mais fácil. Era só dar a bola nele que ele resolvia”, brinca. Na Copinha de 2019 ainda não marcou gols, mas é importante no sistema da equipe e mira uma vaga no time profissional. E as brincadeiras com o nome continuam, na arquibancada, cabines de transmissão e até fora do campo. “Eu ouço demais comentários como 'Joga pela esquerda', 'Cuidado que ele é matador', 'Ih, o Marx Lenin é fominha', entre outros”, lembra. Ter um bom desempenho na segunda fase e ajudar o Flamengo a ir mais longe é a receita de Marx Lenin para conseguir alçar voos maiores. “Quem se destacar, com certeza, vai ter chance no profissional. Abel gosta de usar a base, usava muito no Fluminense”, conta. “Ele falou com nossos treinadores e coordenadores, e está vendo todas as partidas”, completa. Mas o nome o persegue, e o jogador espera sobrepor o futebol e deixar o Marx Lenin conhecido também pelo desempenho nas quatro linhas. Em campo, nas redes sociais e por seu nome, Marx Lenin faz sucesso. O Flamengo e ele esperam que, no futuro próximo, todos vejam o talento do menino. “Quem não sonha em vestir a camisa do Flamengo? Quero virar profissional, vestir a camisa do clube, entrar no Maracanã lotado”.
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