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Brasil x Bolívia: gritos homofóbicos contra goleiro podem render nova punição à CBF

O goleiro Carlos Lampe, da Bolívia, foi alvo de gritos homofóbicos de parte da torcida presente ao estádio do Morumbi, na vitória por 3 a 0 do Brasil, no jogo de abertura da Copa América 2019.

No primeiro tempo, em algumas cobranças de tiros de meta, Lampe ouvia “bicha” das arquibancadas.

“O árbitro deve relatar em súmula o que ouviu, exatamente como foram os gritos, sem aumentar ou diminuir palavras e por parte de qual torcida. Dependendo do regulamento da competição, pode gerar uma punição sim, podendo ser uma multa”, disse a comentarista de arbitragem dos canais ESPN, Renata Ruel. “A competição é da Conmebol, então cabe à mesma julgar e punir conforme o regulamento.”

O regulamento geral da entidade, em seu Artigo 8, Responsabilidade Objetiva Dos Clubes e Associações Afiliadas, diz: “As Associações Afiliadas e os clubes são responsáveis pelo comportamento de seus jogadores, oficiais, integrantes, público assistente e torcedores, bem como qualquer outra pessoa que exerça ou possa exercer qualquer função em seu nome durante a preparação, organização ou celebração de um jogo de futebol, seja de caráter oficial ou amistoso.”

O Artigo 7, Princípios de Conduta, exemplifica “casos de comportamentos Imputáveis e infrações puníveis”, entre eles “Comportando-se de maneira ofensiva, ofensiva ou realizando declarações difamatórias de qualquer tipo”, “Violar as diretrizes mínimas do que deve ser considerado como comportamento aceitável no campo do desporto e do futebol organizado”, e “Usar um evento esportivo para realizar demonstrações de caráter extradesportivo”.

É possível, assim, que a CBF seja mais uma vez punida pelo comportamento dos torcedores, o que aconteceu com gritos homofóbicos nas eliminatórias para a Copa do Mundo da Rússia, em 2018. Na oportunidade, a punição veio em forma de advertência e multa, e a entidade nacional já teve de desembolsar cerca de R$ 500 mil para a Fifa.

História

A tradição de gritar no caminho do goleiro adversário até a bola começou no México na década de 70. Porém, naquela época o cântico era “Pum!”, para sinalizar o barulho dele batendo na bola.

Em 2003, o grito virou “puto”, quando torcedores do Atlas gritaram para o goleiro Oswaldo Sánchez, que tinha deixado o clube sete anos antes, indo para o América, e depois havia se transferido para o Chivas, em 1999.

A razão de existência por trás do grito - ou assim a maneira como ela é reivindicada - foram as declarações de Sánchez antes do jogo, quando afirmou que seu coração pertencia ao Chivas.