Ditador, chinês 'queimando dinheiro', empresa investigada e casa de apostas: como Atlético arruma dinheiro para peitar Barça e Real

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EFE/FRIEDEMANN VOGEL
Griezmann Comemora Gol Atletico de Madri Bayer Leverkusen Champions 21/02/2017
Empresa de apostas Plus500, que patrocina o Atlético, vem sendo investigada

Se o Atlético de Madri vem conseguindo peitar os poderosos Real Madrid e Barcelona no gramado nos últimos anos, agora o time colchonero consegue também confrontar a dupla em um campo de batalha que antes parecia impossível: o financeiro.

Para esta temporada, o clube da capital espanhola, que frenta justamente o Barça neste domingo, às 12h15 (de Brasília), com transmissão exclusiva da ESPN Brasil e do WatchESPNtrabalha simplesmente o maior orçamento de sua história: 240 milhões de euros (R$ 788,5 milhões).

Mas de onde vem tanto dinheiro?

O crescimento recente do Atlético se deve principalmente às boas campanhas realizadas nas últimas edições da Champions League, que renderam bônus polpudos da Uefa (União das Federações Europeias de Futebol), além de novos contratos de patrocínio.

Esses novos contratos, porém, vieram de algumas fontes um tanto questionáveis.

Atualmente, o patrocinador master do clube, por exemplo, vem sendo investigado.

Trata-se da empresa Plus500, sediada em Israel, que começou sua parceria com os colchoneros em janeiro de 2015 (inicialmente nas costas da camisa) e recentemente renovou o vínculo até o fim da temporada 2017/18 - os valores da negociação não foram revelados. A empresa existe há menos de 10 anos, e fatura com o serviço de investimentos online.

Desde o final de 2015, porém, a companhia é investigada tanto em Israel quanto na Inglaterra, um dos países que é sua maior base de operações, principalmente por lavagem de dinheiro. As investigações fizeram com que as contas de 8.457 usuários da plataforma chegassem a ficar congeladas enquanto as finanças da empresa eram analisadas.

Atualmente, porém, a Plus500 garante que todos os problemas estão resolvidos. A FCA (Financial Conduct Authority), órgão inglês que fiscaliza atividades e balanços das empresas, contudo, diz que segue marcando a companhia.

Antes da parceria com a firma israelense, aliás, o Atlético de Madri ainda foi muito questionado pelo acordo de patrocínio master que teve com o Governo do Azerbaijão, país asiático que promoveu campanha de turismo na camisa alvirrubra entre 2013 e 2015, através do slogan "Azerbaijan - Land of fire" ("Azerbeijão - A terra do fogo").

O acordo foi muito questionado, já que o Azerbaijão é governado desde 2003 por Ilham Aliyev, que na prática é presidente, mas na prática atua quase como um ditador. Entre vários escândalos de corrupção, fraudes eleitorais e violação de direitos humanos, ele é acusado de reprimir minorias étnicas e censurar o trabalho da imprensa.

Gonzalo Arroyo Moreno/Getty Images
Diego Costa Comemora Gol Atletico de Madri Espanyol Campeonato Espanhol 15/03/2014
Governo do Azerbaijão patrocinou o Atlético de Madri entre 2013 e 2015

Em documento vazado pelo site WikiLeaks, em 2010, a embaixada dos Estados Unidos na capital Baku definiu Aliyev como um "chefe de máfia" e "extremamente perigoso".

Já no ano passado, os Panama Papers, documentos vazados da gigantesca empresa de advocacia panamenha Mossack Fonseca, mostrou que outros membros da família Aliyev, como esposa e filhas, foram usados para o presidente aumentar o próprio patrimônio.

Além da Plus500, o Atlético acertou na semana passada mais um patrocínio. Desta vez com uma casa de apostas: a Bwin, que já foi inclusive a patrocinadora master do rival Real Madrid.

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Sediada na Áustria, a Bwin já teve problemas sérios com leis contrárias às casas de apostas. O caso mais emblemático aconteceu em 2006, quando a cidade de Bremen, na Alemanha, impediu que a empresa colocasse o logo na camisa do Werder Bremen, que teve que inventar às pressas um desenho para colocar em cima da marca da companhia.

Três anos depois, a cidade alemã ainda impediu que lojas de esporte da cidade ainda vendessem camisas de outros times patrocinados pela Bwin, como Real Madrid e Milan. Na Espanha, porém, o Atlético de Madri não deve ter nenhum problema do tipo.

Atlético de Madri x Barcelona neste domingo, às 12h10, AO VIVO na ESPN Brasil e no WatchESPN
  • O chinês que 'rasga dinheiro'
EFE
Miguel Ángel Gil Wang Jianlin Enrique Cerezo Atletico de Madri Wanda
Wang Jianlin (centro), o homem mais rico da China, é um dos donos do Atlético de Madri

Se os times brasileiros morrem de medo do dinheiro chinês, que costuma levar os melhores jogadores do país para a Ásia, o Atlético faz a festa com os orientais.

Desde 2014, o clube é parceiro do grupo Dalian Wanda, conglomerado que possui uma série de negócios na China, como shopping centers, cinemas e hotéis de luxo, e que pertence a Wang Jianlin, o homem mais rico do país asiático, com uma fortuna de US$ 31,3 bilhões (cerca de R$ 97,4 bilhões), segundo a revista Forbes.

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Em 2015, a multinacional comprou 20% das ações alvirrubras por 45 milhões de euros (praticamente R$ 162 milhões), o que ajudou a equacionar a antiga dívida de 200 milhões de euros com o fisco e que "afogava" os espanhóis cada vez mais na crise e nos fracassos.

A entrada de dinheiro também permitiu aos colchoneros começarem a criar uma teia para expandir a marca pelo mundo e revelar novos jogadores.

Para isso, foi criada uma filial do Atlético na Índia, um dos mais novos (e ricos) mercados do futebol. Ademais, foram compradas 34% das ações do Lens, tradicional equipe da França - e conhecida por sua boas categorias de base - que passará a ser usada como centro de desenvolvimento de atletas pelos madrilenhos.

Burak Akbulut/Anadolu Agency/GettyImages
Wanda Metropolitano Estadio Atletico de Madri Apresentação 09/12/2016
Wanda Metropolitano será inaugurado na próxima temporada

O "pulo do gato" para o Atlético chegar a um orçamento de 400 milhões de euros em 2020, o que está sendo planejado desde já, ainda está em construção, literalmente.

Trata-se do novo estádio colchonero, que está em fase final de acabamento e será inaugurado na temporada 2017/1, com capacidade para 73.729 torcedores - muito mais do que os 54.907 do Vicente Calderón.

DataESPN e Calçade analisam a movimentação e posicionamento de K. Gameiro

Além do que vai faturar com público e matchday revenue, a equipe alvirrubra já vendeu os naming rights do campo para o próprio grupo chinês, que acertou acordo de 44 milhões de euros (R$ 144,6 milhões) para batizar a arena como Wanda Metropolitano

No último Fórum Econômico Mundial, Wang Jianlin foi questionado o quando planejava ganhar com seus investimentos no Atlético de Madri. A resposta suspreendeu a todos.

"Não se ganha dinheiro (investindo em um time de futebol). Se rasga", bradou.

Divulgação
Estádio Wanda-Metropolitano será o nome da nova casa do Atlético de Madri
Acordo de naming rights valeu bolada

O homem mais rico da China explicou que está torrando parte de sua fortuna com o clube espanhol por simples amor ao futebol, além de auxiliar no desenvolvimento do esporte em seu país. "Quero que os meninos chineses tenham a oportunidade de treinar sério no Atlético", disse o magnata.

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