Lendo o jogo, Rafael Marques foi de 'Linguiça' a 'Benzemarques'

Francisco De Laurentiis, do ESPN.com.br
Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação
Rafael Marques Comemora Gol Palmeiras Fluminense Campeonato Brasileiro 14/06/2015
Rafael Marques é o artilheiro do Palmeiras no ano, com 10 gols

Quando o Palmeiras anunciou a contratação do atacante Rafael Marques, em 6 de janeiro desse ano, boa parte da torcida torceu o nariz. Afinal, a lembrança do jogador não era nada boa: uma passagem apagada em 2004 e um apelido cômico: "Linguiça".

Quase seis meses depois, ele mudou o jogo. Com grandes atuações e a artilharia do elenco no ano (10 gols, ao lado do argentino Cristaldo), hoje ele é peça-chave no esquema do técnico Marcelo Oliveira, um dos favoritos da torcida e ganhou outras alcunhas, bem melhores que as anteriores: "Terror dos Clássicos", pelos tentos marcados em cima de São Paulo e Corinthians, e "BenzeMarques", em referência ao francês Benzema.

Uma coisa é certa: ele está curtindo.

"Eu me divirto, levo tudo na brincadeira. Não tem como não admirar a criatividade do pessoal (risos)", sorri o jogador, em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br.

Nos 11 anos que separam a primeira da segunda passagem pelo Palestra Itália, muita coisa mudou. Rafael deixou de ser centroavante e virou meia, mesmo com seu 1,90m. Pelo lado direito do campo, marca, cruza, abre espaços e aparece de surpresas para marcar seus gols, como o 3º da goleada por 4 a 0 sobre o São Paulo, no último domingo. Hoje, considera ter afastado de vez as cornetadas e conquistado a torcida.

LUIS MOURA/Gazeta Press
Rafael Marque Treino Palmeiras 25/06/2015
'Vivo a melhor fase da carreira', diz Rafael Marques

"O legal do futebol é isso, ele te dá essa oportunidade de mudar as coisas. A gente vê a mídia dizendo: 'Ah, tal jogador conquistou a torcida com seu carisma'. Eu conquistei com futebol dentro de campo", brada o artilheiro, que diz viver a melhor fase da carreira.

Rafael credita a mudança em seu estilo de jogo aos anos que passou no futebol da Turquia, onde aprendeu a marcar, e do Japão, onde virou um "samurai" da tática. Além disso, considera ter um talento natural: sabe "ler o jogo" de maneira superior aos demais.

"Eu tenho uma leitura tática muito boa. Se você me acompanhar durante os jogos, pode ver que procuro sempre analisar e observar a partida como um todo, independentemente se a bola está do meu lado ou do outro. Eu sempre procuro analisar o que pode acontecer à frente na jogada", observa.

Repatriado em 2013 pelo Botafogo, graças ao treinador Oswaldo de Oliveira, admirador confesso de seu futebol, fez sucesso no Rio e acabou vendido para a China.

Ale Vianna/Agência Eleven/Gazeta Press
Rafael Marques Comemora Gol Palmeiras Corinthians Campeonato Brasileiro 31/05/2015
Rafael Marques, o terror dos clássicos

Ao assumir o Palmeiras, no início de 2015, Oswaldo solicitou ao Palmeiras a contratação do atacante, desejo que foi prontamente atendido, com empréstimo de um ano - a equipe alviverde vai ter que comprá-lo do Henan Jianye no final de 2015 se quiser que o atleta permaneça. Da parte de Marques, já começou a torcida para que isso aconteça.

"Não quero voltar para fora do país, até porque já tive uma experiência longa lá fora, então meu objetivo é permanecer aqui o quanto foi possível. Aqui no Palmeiras, me sinto em casa", ressalta.

Na entrevista, o camisa 19 falou sobre como descobriu que era meia, e não atacante, sobre o atraso do Brasil na parte tática em relação ao futebol do exterior e sobre sua fama de ser mais inteligente que a média, como disse certa vez o amigo Oswaldo.

Confira a entrevista de Rafael Marques ao ESPN.com.br:

ESPN: Que nota você dá para o ano do Palmeiras e para seu ano até agora?
RM: O Paulista do Palmeiras foi muito bom, melhor do que todos esperavam, até mesmo nós, pois chegamos na final e brigamos pelo título. Lamentamos a perda, mas tiramos coisas positivas, pois começamos o ano com grupo inteiro reformulado, tanto elenco quanto comissão técnica e diretoria. Dá pra dar uma nota 7. Quanto a mim, a torcida criou uma expectativa: 'Será que vai ser o mesmo Rafael de 2004?'. Eu estava fora, jogando no futebol chinês, que é considerado de nível baixo, mas consegui manter a boa forma e cheguei em meio à pré-temporada da equipe. Depois que peguei ritmo, as coisas começaram a dar certo. O torcedor viu como eu gosto de atuar, ajudei a produzir pra equipe e os gols foram saindo. Tem sido um começo de ano bom, mas tem que manter, pois a gente pensa em um objetivo maior. O meu é renovar e permanecer aqui, pois me sinto em casa, e o do clube é ganhar títulos. Então, me dou um 7 ou 8 até agora.

ESPN: Quando você chegou, acabou 'cornetado', já que os torcedores se lembravam de sua primeira passagem, em 2004, que não foi das melhores. Como encarou isso?
RM: Sinceramente, era normal, e até justo, que me olhassem com desconfiança. Afinal, tive uma primeira passagem apagada, sem muitas coisas positivas, até pelo fato de ser muito novo, inexperiente. 11 anos depois, estou muito mais maduro. Tem que saber lidar com as críticas, e sempre tratei todos da melhor maneira possível, pois esse é meu jeito, tranquilo. Eu sabia desde o começo que teria desconfiança, mas sempre pensei que, quando entrasse em campo, poderia mostrar pra torcida o porquê de eu ter voltado para o Palmeiras. Não era só porque o Oswaldo me indicou, mas porque eu tenho total capacidade de fazer parte desse grupo e quero deixar meu nome marcado aqui. Estou muito motivado, e isso ajuda bastante, porque a torcida também está, já que tem casa nova, projetos novos, elenco novo. Hoje, eles me apoiam, mandam mensagens nas redes sociais agradecendo, pedem pro presidente me comprar (risos)! E esse é meu objetivo mesmo: permanecer aqui o quanto puder.

ESPN: Hoje, você considera que conquistou a torcida?
RM: Creio que sim. O legal do futebol é isso, ele te dá essa oportunidade de mudar as coisas. A gente vê a mídia dizendo: "Ah, tal jogador conquistou a torcida com seu carisma". Eu conquistei com futebol dentro de campo. Talvez com um pouco de carisma também, pois sou tranquilo, procuro atender a todos, respondo sempre que posso o carinho que mandam pra mim. Mas o mais legal, na minha opinião, foi que consegui conquistar meu espaço jogando futebol, e não tem nada melhor que isso. Amanhã ou depois se alguém falar: "Ah, o Rafael só joga por causa de fulano ou sicrano", eu digo: "Não, o Rafa tem o nome dele marcado aqui porque conquistou isso, porque batalhou e honrou a camisa do Palmeiras". É isso que fica marcado na história de um atleta.

ESPN: Você está vivendo a melhor fase da sua carreira?
RM: Olha... (Faz pausa) Sim! Em 2013, eu vivi um grande momento no Botafogo, até porque estava há sete anos fora e queria deixar meu nome marcado aqui no Brasil. Esse ano, está se encaminhando para ser ainda melhor que aquele. Mas é o que eu sempre falo, tem que ter pés no chão e estar ciente de que futebol dá voltas. Amanhã acontece algo negativo e toda essa euforia que estamos passando hoje vira lamentação. Futebol é sério. Quero conquistar ainda mais a torcida, mas, para isso, tenho que continuar jogando bem e ajudando o time a ganhar.

ESPN: Por você ser alto, naturalmente é visto como o centroavante, o homem de área. Quando foi que descobriu que na verdade você era meia?
RM: Quando joguei aqui pela primeira vez, eu era um dos atacantes que formava o 4-4-2. Eu sempre procurei me movimentar bastante, porque não gosto de ficar marcado. Não é a minha ficar no meio da dupla de zaga, tomando trombada, cotovelada, brigando pela bola. Eu gosto de me movimentar, abrir espaços, dar assistências e chegar de surpresa para fazer gols. Fora do Brasil eu sempre atuei assim, como meia-atacante. Quando fui para o Botafogo, o Oswaldo ainda tentou me colocar de centroavante, porque era a posição mais carente do elenco, já que o Loco Abreu tinha saído. A gente tentou, mas ele viu que aquela não era minha função. Aí ele começou a me colocar pra jogar como eu sempre gostei, como ele me viu jogar no Japão, que é vindo de trás, dando assistência, sendo um jogador tático. Hoje, o futebol pede muito isso, que você seja obediente, ajude na marcação, volte pra defesa, suba pro ataque, ajude a compactar o time... Foi quando saí do Brasil que eu vi que era nessa posição que eu tinha que atuar e me sentia bem.

Gazeta Press
Rafael Marques marcou dois na vitória sobre o São Paulo
Rafael Marques virou 'terror dos clássicos'

ESPN: Mas você odeia jogar de centroavante?
RM: Não é que eu odeio... Mas eu não gosto, não me sinto bem. Não consigo render de centroavante a mesma coisa que eu rendo em outra função de jogo, na ponta, como 10 ou invertido do outro lado. Falaram muito desde o início da minha carreira que eu tinha que jogar fixo, porque sou alto, mas sempre deixei claro que essa não é minha posição. Quando é preciso, como foi com o Oswaldo, e também em alguns treinos com o Marcelo Oliveira, eu faço, porque minha intenção é ajudar o Palmeiras da maneira que for, seja jogando, seja no banco orientando e apoiando. Resumindo: eu não odeio, mas não gosto (risos).

ESPN: Sobre essa história de ser um "jogador tático", como é exatamente que você ajuda o time?
RM: Quando a gente não tem a bola, eu faço a linha de quatro na marcação, junto com os dois volantes e o Dudu, que joga na mesma função que eu, só que pela esquerda. Eu acompanho o lateral até o final da jogada, que foi exatamente o que aconteceu no terceiro gol contra o São Paulo. Repare bem: eu vou até o campo de defesa, roubo a bola, toco pro Gabriel, o Gabriel passa pro Robinho, o Robinho pro Arouca, o Arouca pro Egídio, o Egídio pra mim, que apareço de surpresa e faço o gol. A minha função exige muito do físico, porque vou e volto o tempo todo. Mas tem aquela coisa: muitas vezes, o jogador adversário não acredita que você vai sair correndo da defesa e chegar no ataque, ainda mais no futebol brasileiro. Hoje a gente vê muito isso, até na seleção. Pelo fato do adversário achar que você não vai chegar, você cria a surpresa. Se você olhar, a maioria dos meus gols é assim: eu venho da defesa e apareço de surpresa na área. Tem que ter determinação, obediência tática, motivação e acreditar no lance.

Assista aos gols da vitória do Palmeiras por 4 a 0 sobre o São Paulo

ESPN: Você se vê como um dos melhores jogadores desse Brasileirão até agora?
RM: Eu não gosto de me apegar a isso, de fazer esse tipo de autocrítica. Minha autocrítica é ver o que eu posso melhorar, e isso eu faço todo dia. Sempre depois dos jogos eu vejo o VT da partida inteira pra ver e minha atuação, o que eu acertei e o que eu erreri. Estou num momento bom, isso é fato, mas tem que melhorar a cada dia. Deixo a análise para o pessoal da imprensa, que tem uma visão mais ampla, até porque acompanha todos os jogos, e sigo fazendo meu trabalho para que, no final do ano, eu possa ser, sim, considerado um dos melhores jogadores do Brasileiro.

DJALMA VASSÃO/Gazeta Press
Rafael Marques Palmeiras Paulista Jundiai Campeonato Paulista 04/04/2004
Na 1ª passagem pelo Palmeiras, em 2004

ESPN: A torcida do Palmeiras é a mais exigente que você já teve na carreira?
RM: Eu passei um momento complicado no começo do Botafogo, quando houve uma exigência muito grande, mas a do Palmeiras é mais. Eu já conheço essa turma há muito tempo, de outras décadas (risos). É uma torcida que exige bastante, mas também apoia demais. O exemplo disso é que, independentemente dos resultados, eles estão sempre enchendo o estádio, é só ver a média de público no Allianz Parque. A cobrança é válida quando é positiva, no ponto de querer melhorar. Óbvio que tem momentos em que a 'turma do amendoim' entra em ação, xinga um pouco, se estressa, mas não é nada do que eu não esteja preparado para enfrentar.

ESPN: Muito se fala que a camisa do Palmeiras "pesa" para alguns jogadores. Você não está sentindo pesar, mas alguém ainda não rendeu o que se esperava nesse time?
RM: Aqui dentro do elenco não. É óbvio que tem jogadores que sentem, principalmente os mais novos, às vezes até os mais experientes. Não é fácil jogar no Palmeiras, de fato é uma responsabilidade muito grande, e alguns podem sentir a pressão. É normal, cara, porque temos sentimentos, sabe como é... Aqui dentro (aponta para o braço, mostrando as veias)... Nós somos seres humanos como todos. Mas nesse elenco não teve ninguém que sentiu a camisa pesar, não. Todos enxergam as críticas como algo positivo e estão buscando melhorar, pois só assim seremos campeões.

ESPN: Você passou muito tempo jogando no Japão e na Turquia, e ficou meio "sumido". Aprendeu coisas boas desses anos fora ou foi bom mais pelo dinheiro?
RM: Olha, sinceramente, nunca me apeguei ao financeiro. Desde criança, quando comecei a andar, eu já queria brincar de bola. Minha vontade de ser jogador nunca foi pra ganhar dinheiro, mas sim por amar o que eu faço, e nada é melhor do que trabalhar com o que você gosta. Claro que a parte financeira é boa pra dar um futuro legal pra sua família, mas meu objetivo sempre foi fazer com carinho aquilo que eu amo. Sobre ter jogado fora, na Turquia aprendi muito na parte de marcação, de lutar sempre pelas boas, de ser aguerrido. Eu tive um treinador, o Ersun Yanal, ex-seleção da Turquia e Fenerbahce, que cobrava muito isso em todos os treinos, às vezes mais do que a gente aguentava (risos). O treino com ele era sempre muito pegado, e isso eu absorvi de lá. Já no Japão, nos três anos que fiquei lá, sempre me impressionou a obediência tática deles, e isso eu peguei também. Tudo o que eu sou hoje tem um pouco desses dois países. Sou um cara que analisa muito o jogo dentro de campo, sempre procuro orientar meus companheiros, porque nem sempre dá pro Marcelo falar. Então, procuro passar um pouco do que aprendi para o pessoal.

Hiroki Watanabe/Getty Images
Rafael Marques Omiya Ardija Avispa Fukuoka J League Campeonato Japones 01/10/2011
No Japão, Rafael usava a camisa 10

ESPN: O Oswaldo de Oliveira disse certa vez que você éum jogador com inteligência acima da média. Você é mesmo mais inteligente que a média?
RM: Eu tenho uma leitura tática muito boa. Se você me acompanhar durante os jogos, pode ver que procuro sempre analisar e observar a partida como um todo, independentemente se a bola está do meu lado ou do outro. Eu sempre procuro analisar o que pode acontecer à frente na jogada. Novamente, cito o exemplo do terceiro gol contra o São Paulo: eu olhei o desenho do lance e pensei que, se eu estivesse naquele ponto da área num tempo curto, o passe do Egídio iria chegar pra mim. Aí fui lá, fiz e deu certo. Então, pode-se considerar que tenho uma leitura tática muito boa.

ESPN: O Palmeiras ainda não "acertou" o camisa 9 esse ano, já que ninguém se firmou no comando de ataque. Mas é realmente necessário ter esse jogador no time titular ou você acha que o Palmeiras pode seguir exemplos de fora e atuar sem o fixo?
RM: Sim, acho que dá pra jogar sem centroavante. Mas vou discordar de você: para mim, temos ótimos camisas 9, que são Alecsandro, Cristaldo, Leandro (Pereira), o Barrios, que está chegando em breve, e o Gabriel Jesus, que acho que pode render melhor também em uma função parecida com a minha. Nesse esquema que o Marcelo monta hoje, a gente precisa de um centroavante, mas também já mostramos que conseguimos atuar sem um cara de referência. O futebol mundial hoje pede jogadores que consigam jogar em mais de uma posição e que sejam obedientes taticamente tanto na marcação quanto no ataque. Se você for ver, os outros países evoluíram nesse sentido, enquanto nós estagnamos. A gente tem que aceitar isso: hoje não estamos mais ensinando, e temos que aprender. Temos que sugar as coisas positivas do futebol de fora, até porque foi isso que as outras seleções fizeram com o nosso futebol.

Assista aos gols da vitória por 2 a 0 do Palmeiras sobre o Corinthians

ESPN: Aos 32 anos, quais são seus planos? Vai jogar até quando e aonde? Ainda pensa em voltar ao futebol estrangeiro?
RM: Meu plano é de continuar aqui no Palmeiras mais um bom tempo, e estou fazendo de tudo pra que o Palmeiras também tenha esse interesse quando chegar o final do ano e tiver que negociar com o time da China. Sou um cara que me cuido muito, tenho 32, mas estou correndo como um garoto (risos). Não quero voltar para fora do país, até porque já tive uma experiência longa lá fora, então meu objetivo é permanecer aqui o quanto foi possível. Não seu quando vou parar... Talvez quando a cabeça não aguentar mais, porque você vai cansando e se estressando com algumas coisas, mas acho que ainda tenho no mínimo uns quatro ou cinco anos ainda pra queimar.

ESPN: A torcida de apelidou de "BenzeMarques", em referência ao Benzema, do Real Madrid. Gostou?
RM: (Risos) Eu me divirto, levo tudo na brincadeira. Gosto do futebol dele, é uma referência no futebol mundial, mas não me apego. Deixo isso pra torcida, que brinca bastante nas redes sociais, pra imprensa e mantenho meus pés no chão. Sou o Rafael Marques, aqui do Brasil (risos). Deixo as brincadeiras pra fora do campo e pra torcida, mas não tem como não admirar a criatividade do pessoal (risos).

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Lendo o jogo, Rafael Marques foi de 'Linguiça' a 'Benzemarques'

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